sábado, 20 de setembro de 2014

O Tao

Aliviado do fardo do passado, a vida pode recomeçar. Movimenta-se. Mais do que ser feliz, cumprir uma trajetória de forma plena, é significativo. Agir de acordo consigo mesmo é mais que vencer. É não deixar-se vencer.
O Caminho (o Tao) é a obviedade que escapa a maioria. Num mundo de recortes, aparências, ódios e preconceitos a maioria tem horror a gigantesca margem de autonomia que temos em meio as contingências que não podemos contornar. Muitos, quase todos, julgam que o mundo poderia ser perfeito. O único problema são os outros. Quase todos os outros, que não são tão bons como nós.
A matemática dessa impressão é absurda: A voz do povo é a voz de Deus e a maioria é o critério da verdade, de um lado. Mas de outro lado criticamos a tudo e a todos. E o mundo é ruim porque, de todos que existem, a maioria que conhecemos, é ruim. Mas o povo sempre tem razão.
A única sabedoria desse senso comum absurdo é o que ele insinua, mas não diz claramente: Somos a sombra e a luz. O esclarecimento e as trevas. E na média, se não somos nem assassinos, nem santos, é na hipocrisia que o mal, banal e cotidiano, viceja.
Por isso, o moralismo é a matéria prima e o combustível do inferno. Não é a contradição e a mentira, mas nossa negação em assumir nosso mal interior e combatê-lo, ao invés de simplesmente projetá-lo e vomitá-lo sobre os outros...

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