sábado, 20 de setembro de 2014

Carta a um forasteiro...

Um conto sombrio sobre uma Guerra Mundial, após a qual, a paz nunca mais retornaria a lugar algum, até que a humanidade, finalmente acabasse extinta. Um roteiro para o fim, em que as civilizações se destroem e em seguida, poucos séculos depois, a espécie homo sapiens sapiens, desaparece.
Carta a um forasteiro,
Eu sou Antonio Guedes. Tenho medo de ser atacado por bandidos, ladrões, saqueadores e estupradores. Por isso, tomo cuidado. Ninguém pode me encontrar despreparado. Mesmo assim, tenho minhas armas sempre à mão. Vou atirar primeiro e perguntar depois. Cuidado!
Você pensa que pode me meter medo. Mas o que me mete medo é eu deixar de prestar a atenção e esquecer de antecipar seus movimentos.
Não entre em meu território. Meu círculo da confiança não incluí você. Fique longe. Fique vivo.
Não traga sua sujeira para perto de mim. Minha segurança depende de manter-me longe de você. Caia fora!
Não pretendo me aproximar de você. Meu destino não incluí ninguém além de mim, minha esposa e meu filho.
Desde que o céu queimou, com as bombas explodindo, toda a confiança desmoronou. Ninguém mais se liga a ninguém, exceto pela morte. Todos iremos morrer. Os últimos a partir, deixarão filhos mais fortes e serão lembrados por mais tempo.
Agora o que nos resta é esperar que alguém chegue a ver um futuro que seja, pelo menos, um décimo da vida que tínhamos antes das bombas serem lançadas.
Tudo começou quando Israel atacou os territórios Palestinos. Simultaneamente, tentaram matar o premier russo, ou ele quis que o mundo acreditasse nisso. 
Em seguida, a confusão começou. Notícias desencontradas chegaram de todos as grandes agências. Logo depois a internet caiu. Nunca mais ela voltaria a funcionar.
Ouvimos falar de mísseis e explosões nucleares na Europa. A América incendiou poucas horas depois. Quando as notícias finalmente pararam de chegar sabíamos que o mundo voltara a ser grande, como na época das naus capitânias e da chegada de Colombo a América.
Em seis meses o mundo cresceu ainda mais. Acabaram as leis, as escolas e os hospitais. Polícias tornaram-se milícias locais. Ninguém mais tinha qualquer autoridade. Disposição para assassinar e roubar tornaram-se a única regra válida.
Antes de setembro de 2014, nosso mundo acabou.
O que tem existido, desde então, é pior do que o inferno.
Pode ser que Deus exista e que todos os que morreram estejam com ele no céu.
Só não sei por que os que morreram teriam que ser melhores do que nós, que seguimos vivendo na terra amaldiçoada.
Acho que tudo foi um erro. Uma sucessão de equívocos. Não deveríamos estar aqui.
Se alguém tivesse tomado uma decisão sensata antes de setembro, a NASA ainda existiria. Hoje, veríamos humanos em marte e esta carta seria o sonho de alguém tenso, temeroso e imaginativo, tendo pesadelos em relação ao futuro.
Nova América do Sul.
Antigos Estados Unidos do Brasil
Antes, Rio Grande do Sul – Porto Alegre.
Atualmente, Guaíba do Sol Poente.
18 de Julho de 2054.

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